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Goiás é o segundo estado onde a população mais adquiriu armas de fogo nos últimos quatro anos. Ao todo são mais de 80 mil armamentos, o que dá uma média de 114,64 armas para cada 10 mil habitantes.

Entre os dez municípios com a maior taxa de armamento do Brasil, três são goianos: Jataí, Mineiros e Rio Verde. Os dados são do recadastramento feito pela Polícia Federal até dia 3 de maio deste ano e foram divulgados pelo jornal O POPULAR.

 Santa Catarina ocupa a primeira posição do país. Por lá, a cada 10 mil moradores existem 122 armas.

Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência da UFG, Dalva Borges de Souza, não há dúvidas que as flexibilizações promovidas pelo governo federal nos últimos anos colaboraram para este cenário. Ela ainda aponta o fato de Goiás ser um estado com forte presença do agronegócio.

“Acredito que muitos desses registros de armas foram feitos não só porque Goiás respondeu dada essa concentração do agronegócio, essa tradição de defesa da propriedade fundiária. Muitos registros desses registros de armas podem ter sido feitos pelos fazendeiros para os seus empregados. Com o estimulo do governo Bolsonaro, eles respondem ideologicamente e na prática, armando também funcionários”, afirma Dalva.

A pesquisadora Dalva Borges demonstrou preocupação com o maior armamento da população civil, fato pode resultar em consequências graves.

“A pessoa tendo uma arma em casa está propícia a acidentes e também há o fato de que Goiás é um estado com índices de feminicídio altíssimos. Uma arma em casa aumenta esse risco porque é um instrumento extremamente letal. Além disso, as armas podem ser desviadas para criminosos, que vão ter acesso mais facilitado a elas, extraviadas por diversas razões até de quem comprou legalmente. Aumentam também os homicídios nas relações interpessoais e essa é uma coisa que talvez não se vá perceber imediatamente, mas a longo prazo”, informa a pesquisadora.

O recadastramento de armas foi determinado pelo governo federal em janeiro de 2023, por meio de um decreto. O procedimento teve de ser feito por todos que adquiriram armas de fogo de uso permitido e de uso restrito a partir do dia 7 de maio de 2019.